28.3.09

:: um por dia nem sabe o bem que lhe fazia # 02

ela falava, e falava, e falava, e falava. falava pelos cotovelos. e continuava a falar. eu sou a dona da casa. mas aquela empregada gorda só sabia era falar, falar, falar. onde quer que eu estivesse, lá vinha ela e começava a falar. de tudo e de nada, disto e daquilo, para ela tanto fazia. despedi-la por causa disso? teria que lhe dar três meses de indemnização. ainda por cima, seria bem capaz de me rogar uma praga. até na casa de banho: e assim e assado, e frito e cozido. enfiei-lhe a toalha na boca para que se calasse. não morreu por causa disso, mas por já não poder falar: as palavras rebentaram-na toda por dentro.
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in crimes exemplares, de max aub

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